sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A bela magoada


Ela se olhava no espelho e penteava os longos cabelos dourados incessantemente com o seu lindo pente, por sinal, seu favorito, quando derrepentemente, sua  mãe gritou:

- Filha, você vai se atrasar pra festa da Marcinha, vamos! Termine logo isso.
- Já vou mãe, só um segundo.

Chegando na festa, a tão vaidosa Cláudia, não parava de olhar para os cantos, mas sem ao menos perceber, seu antigo colega de sala, chegou por trás, dando-lhe um abraço.

- Ah! Você me assustou!
- Não se lembra de mim, Cláudia?
- Eu...é claro...você é o...
- Gustavo! Lembrou agora?
- Gustavo?! Gustavo, não pode ser você!
- É! Sou eu, senti tanto sua falta, da sua amizade, da sua companhia.
- Não acredito Gustavo! Como você pode voltar aqui? Você foi embora sem se despedir, você nem ao menos me deu um telefonema, você sumiu!
- Olha...
- *Sendo interrompido por Cláudia* Olha nada! Chega, não quero falar com você.


Dez anos depois, Cláudia já adulta, formada em arquitetura, estava mais uma vez a pentear seus lindos cabelos, que apesar da boa aparência, não eram mais os mesmos, estavam desgastados com o tempo. Ao sair de casa, se preparava para mais um longo dia de trabalho no escritório, só que como de costume, saiu para tomar um rápido café na padaria perto de lá, sem perceber, um homem se aproximou:

- Com licença...
- Toda...
- Espera, Cláudia?
- Oi? Você me conhece?
- Sou eu, o Gustavo!
- Ahrg! Você? Já veio me atormentar? Que inferno.
- Por favor...
- ADEUS!

40 anos depois, Cláudia já era uma senhora. Estava só, em casa, pensando na vida e em tudo o que tinha construído até ali. Mais uma vez penteando os cabelos, com o seu velho pente, que tanto gostava. Agora seus cabelos eram curtos e esbranquiçados, pouco lembravam os daquela linda jovem de 50 anos atrás.Nunca se casou, nunca teve filhos, mas tinha uma boa vida e era conhecida como uma grande arquiteta. Apesar de tudo, sentia-se sozinha. Pensou em Gustavo, estava se esforçando pra lembrar dele e o porquê do seu desprezo por ele, a essa altura não fazia a mínima ideia do porquê, só que derrepente, sua memória lhe ajudou, e como se tivesse sido ontem, lembrou-se de alguma coisa:

- Eu gosto de você sabia?
- Ora, eu também Guga, também gosto de você
- É que eu tenho um presente pra você.
- O que é?
- Você jura que vai lembrar sempre de mim quando usar?
- Juro
- É esse pente, espero que goste.

Era pouco, mas já era o bastante

3 comentários:

  1. Neto muitoo linda essa história, mas achei muito triste! :[
    A vida é cheia de oportunidades perdidas...

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  2. Adorei essa história.
    Muito linda, quero "A bela magoada 2".
    Bjos. *;*

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